terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Seminário sobre o texto: Lugares, Trajetórias e Práticas:explorando os vínculos de sentido nas relações sócio-espaciais.

De acordo com a autora, existe uma polarização do conhecimento situado na inserção entre a teoria social, a geografia cultural, a história e a antropologia. O texto propõe uma superação de polarizações e dicotomias comuns na literatura socióloga, estabelecendo um esboço provocativo de conceitos, perspectivas e possibilidades analíticas.
Contrariando as grandes teorias que explicam a sociedade com viés político denunciando uma crise social e crise das instituições, valoriza-se agora a esfera das relações cotidianas e ganha relevância a mediação do dia a dia na construção das relações sociais.
A autora reafirma a necessidade de explorar os vínculos de sentidos entre as diferentes escalas, fatores e processos que figuram a dinâmica contemporânea urbana, no sentido da compreensão de práticas e relações sócio-espaciais situadas e singulares na medida em que dialogam com processos históricos, econômicos, políticos e sociais a partir dos quais a cidade estabelece e permite a construção de significados.
A cidade não é mais o ponto de encontro e do diverso, tornou-se o lugar de passagem, de velocidade e de fluxo fazendo com que a cidade perca o sentido para aqueles que a habitam.
Essa pesquisa tomou como ponto de partida a investigação do lugar e as práticas e ralações sócio espaciais foram adotados como dimensões de análises afim de conhecer as formas de apropriação do lugar e compreender a trajetória e construção dos vínculos sociais a partir das relações sócio-espaciais.
A autora busca, através de um estudo urbano, uma perspectiva que se caracteriza pela ênfase nas práticas, comportamentos e na experiência social. A partir do momento em que os indivíduos se apropriam do espaço, implicam ao mesmo novos sentidos e usos distintos daqueles originalmente planejados.
O espaço é percebido como produto da ação social, expressão da correlação de forças sociais e econômicas e campo de disputa política. O espaço é dividido em dois tipos de espaços urbanos, o espaço oficial e o espaço diferencial. O primeiro se refere ao espaço que é idealizado pelas instituições ou por elas legitimados, enquanto o segundo se refere ao espaço inventado ao passo que o cidadão o nomeia ou inscreve.
O lugar deve ser entendido como um “espaço praticado” apropriados pelos cidadãos, ele é diálogo entre passado e presente e um intermédio entre o mundo e os indivíduos, em cada período histórico, em cada presente, existem espaços sociais que mantem valores estabelecidos anteriormente. O texto fala também sobre os circuitos e sub-circuitos e suas divisões- "circuitos e sub-circuitos que desapropriam o ambiente construído, promovendo a irracionalidade cotidiana do espaço urbano: (1) aforma dispersa da cidade – que polariza as estradas, o transporte e ma velocidade – dissolvendo modos de vida, e heterogeneidade da convivência e a cooperação urbana; (2) processos de colonização do urbano, através de intervenções fragilizadoras dos usos tradicionais dos espaços e promotoras de grandes redes de serviços e novos padrões de lazer; (3) a urbanização do “encastelamento”, caracterizada pela privatização dos espaços, fechados por mecanismos de segurança, previsão, controle e seletividade; e (4) a turistificação do território, processo que implica a desapropriação cultural e alienação consumista, ou seja, venda da cultura, conduzindo a cenarização e banalização dos lugares e perdas dos referenciais urbanos. (FILGUEIRAS, Beatriz Silveira Castro,b>Lugares, trajetórias e práticas: explorando os vínculos de sentido nas relações sócio-espaciais CAXAMBU,2007)
A aceleração do tempo, a efemeridade das relações sociais e a destruição das tradições que dão base a vida cotidiana resultam em novas formas de uso e apropriação dos espaços, criando novas relações entre cidadãos e lugar. Devido a estes processos o lugar assume valor simbólico para os habitantes.
A espacialidade é considerada como umas das dimensões centrais da interação social e da construção de relações e vínculos sociais.
A pesquisa foi fundamentada teoricamente mas a força explicativa reside em sua sensibilidade empírica constituindo uma ferramente metodológica de grande importância para a compreensão dos fenômenos da contemporaneidade.
Foi pensada a construção dos lugares através da análise das práticas cotidianas, o que permitiu situar e problematizar os conflitos entre o racional e o irracional na nossa sociedade.
O movimento do pensamento e da ação implica o resgate e o entendimento da territorialidade e da historicidade na reflexão sobre a interação social.

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