quinta-feira, 22 de julho de 2010

Texto: Repensando a "periferia" metropolitana à luz da mobilidade casa-trabalho


Autora: Luciana Corrêa do Lago

A autora trata do desfavorecimento das classes populares no contexto da metrópole, dando enfoque à redução do campo de possibilidades de acesso à moradia e ao trabalho e seus efeitos sobre a dinâmica urbana. Tendo como base as reflexões sobre a tese de que "estaria ocorrendo, no Brasil, uma crescente imobilidade espacial dos trabalhadores pobres no interior das cidades", e na tese que refere-se ao processo de crescimento e dinamização de sub-centros econômicos na "periferia" metropolitana do Rio de Janeiro, acompanhado pelo aumento e concentração da classe média nesses locais; E juntamente com base em algumas evidências estatísticas que segundo a autora, poderiam justificar a densificação das já existentes nas áreas centrais e suburbanas da Capital.
No que se refere as visões das desigualdades sócio-territoriais nas metrópoles brasileiras, a autora retrata a visão dual da metrópole, que na perspectiva crítica, esse espaço era a forma e a condição de integração na economia urbana dos trabalhadores pobres de países dependentes, condição essa que se dava fundamentalmente pelo acesso à situação de proprietários fundiários e aos meios de circulação casa/ trabalho (Kowarick, 1983).
A partir dos anos 80, a crise econômica/estatal e a valorizção das áreas periféricas consolidadas atingiram diretamente as formas de acesso à casa própria para diversos segmentos sociais de baixa renda. Lembrando que a incapacidade dos trabalhadores de fazer dívidas não se deve apenas à desvalorização dos salários frente ao acelerado proceso inflacionário no período, a instabilidade e aincerteza do rendimento mensal também foi outro fator relevante.
Tendo em vista a crise econômica e seus efeitos sobre as codições de reprodução social, os estudos urbanos recentes buscaram redefinir o modelo analítico "centro-periferia", com base em duas alterações centrais: 1-na escala da segregação, em funçaõ da redução da distância física entre ricos e pobres e 2-na natureza de segregação, seja pela auto-segregação das camadas superiores e médias na forma de enclaves desconectados da vida urbana local.
A importância dessa discussão está, além de mostrar as mudanças no padrão de desigualdades sócio-espaciais, resgatar para a reflexão acadêmica, o papel determinante da dimensão territorial, distância/proximidade, na reprodução das relações sociais.
De acordo com os gráficos expostos no texto, podemos verificar que a maioria dos trabalhadores de classes sociais mais baixas, residem longe dos centros urbanos, onde estão localizados as fontes de emprego e renda.
Por outro lado, verifica-se que os trabalhadores mais precarizados (ambulantes e biscateiros), que apresentaram um relativo aumento, entre 1991 e 2000, exercem seu trabalho, majoritariamente, no município de residência. Neste caso, a imobilidade desses trabalhadores precarizados, somada à imobilidade dos desempregados, estariam relacionadas à uma "descentralização perversa" de uma economia popular marcada pela precariedade das condições de trabalho.
A autora diz que as evidências apontadas no trabalho, indicam que somente o estudo mais detalhado e qualitativo sobre a diversidade das interações sociais no mundo popular e sobre a natureza das relações econômicas e políticas entre o centro e sua periferia, permitirá uma compreensão mais abrangente e profunda dos efeitos da "crise do trabalho" sobre as nossas históricas desigualdades sócio-territoriais.

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